Já tem um tempo que esse vídeo está rolando pela internet mas só agora eu parei para assistir. É uma palestra da Lizzie Velasquez, ela tem uma doença rara que faz com que ela não consiga ganhar peso, independente do que coma, é conhecida como “a mulher mais feia do mundo”. Ela fala um pouco sobre como ela enfrentou todos os problema da sua vida, a discriminação por parte das pessoas, e como usou toda negatividade para trazer coisas boas para sua vida. Vale assistir:
Assim que terminei de assistir, vi que existem dois pontos no vídeo que se encaixam muito com o perfil do blog. Primeiro a questão estética, hoje em dia todo mundo está em busca do corpo perfeito, muitas vezes nem por questões de saúde, mas porque a sociedade (e a mídia com todas aquelas revistas mostrando mulheres com corpos esculturais) impõe que você tenha um corpo perfeito. Ou você está magra demais, ou está gorda demais. E se está no peso ideal, não está definida o suficiente, ou o problema agora é o cabelo que é curto demais, comprido demais, com a cor errada para o tom de pele, usa muita maquiagem, usa pouca maquiagem, não sabe escolher a roupa adequada… A todo momento estamos sendo julgados por todos ao redor, já repararam nisso?
Todos devemos cuidar da saúde e até mesmo do corpo por questão de estética, mas sempre o principal motivo dele ser para nossa própria auto estima, nunca pelos outros, ainda mais se esses outros forem pessoas que você nem conhece. O que eu não acho certo é quando essa nóia pela beleza exterior começa a afetar nossa vida, tem pessoas que deixam de tirar fotos, deixam de sair de casa, deixam de comer, por conta disso. Lembre-se, você tem que se amar como é, os outros são só os outros. Mesmo que esse outro seja seu namorado, seu marido, seus amigos. Eles não tem o direito de te manipular a querer mudar seu corpo, mude o namorado, mude o marido, mude os amigos. Aqueles de verdade te aceitam como você é e como você se sente bem.
Vou me usar como exemplo, eu sempre tive pernas super finas e um pouco de barriga. É feio? É feio, eu não gosto, mas não ligo também. Posso viver a base de frango e batata doce e malhar igual um atleta, e sei que vou secar e tornear as pernas, mas e meus doces que tanto amo? E a preguiça que eu tenho? Tenho pessoas ao meu lado que me aceitam como eu sou e eu simplesmente não ligo. Já me questionaram várias vezes se não tenho vergonha de usar roupas curtos e, pelo contrário, eu sempre uso shorts e saias curtas, tenho horror e um pouco de fobia de usar calças. E dai que as pernas são finas e parecem varetas? Pelo menos tenho duas pernas, concordam?
Comentei há um tempo atrás em um look do dia que eu amo saias que são mais rodadas e, são justamente o modelo que eu deveria fugir, porque elas dão a sensação de pernas mais finas ainda. Mas e dai? Eu amo o modelo delas, eu me visto e gosto do que vejo no espelho. E eu acredito que se a gente está se sentindo bem com o que está vestindo, nada mais importa, porque você vai transparecer confiante e bem, então as pernas mais ainda serão apenas um detalhe.
O outro ponto no vídeo que se encaixa com o perfil do blog é quanto as críticas, quanto as pessoas que nem te conhecem gostam de palpitar e mandar na sua vida. O que tem de gente trazendo negatividade não está escrito. Estou há 5 anos nesse ramo e, quanto mais você se expõe, mais as pessoas vão comentar e querer semear o mal. Já sofri muito com isso, já chorei com diversos comentários, já quis largar tudo, mas a gente vai aprendendo a lidar. Então o que eu quero é, de alguma forma, ajudar algumas pessoas que sofrem e se abalam com esses tipos de comentários.
Em qualquer profissão que você trabalhe, você sempre estará sujeito a críticas. Só que quanto mais você se expõe, maior é o alvo. Imagine, você está aqui tirando foto sua, fazendo vídeos e os comentários estão abertos a qualquer pessoa que tenha acesso – muitas vezes com a opções de anonimato. E eu não sei o que a internet causa nas pessoas que elas sentem que tem o poder de colocar o dedo na sua cara e falar o que quiserem. Nossa, mas porque você não faz uma rinoplastia? Porque você gasta tanto dinheiro com maquiagem? Porque você não faz um curso de inglês? Porque você não arruma um “emprego de verdade”? Porque você não mostra como é a sua casa? Porque você não faz vlog? Porque você não emagrece? Porque você não opera a sua orelha de abano? Porque você não faz um clareamento nos seus dentes? Porque você não arruma esse joelho torto? Nossa, como você se maquia mal. Você não sabe passar batom direito. Você tem uma voz muito irritante. Você precisa cortar o cabelo, precisa fazer a unha… Precisa fazer tanta coisa, porque não nasce de novo?
A maior questão é: porque tanta maldade? Existe uma diferença gigantesca com quem realmente se preocupa com você e te dá uma crítica para o seu bem, e aquela pessoa que quer te deixar mal de verdade, que está escrevendo aquilo de raiva. Pra que? As pessoas se sentem felizes e realizadas quando afetam os outros de forma negativa? O dia delas se torna melhor quando ofendem os outros? Mas o que eu mais quero saber, só porque eu me exponho eu tenho que aguentar tanto blá blá blá sobre a minha vida em coisas que não são da sua conta?
Agora você, que está do outro lado, que faz vídeos, que tem um blog, que tem qualquer profissão que seja que é exposta a ouvir essas agressões, não se abale. São pessoas que te conhecem tão pouco, te conhecem por uma página no blog, por alguns vídeos, são pessoas que não estão no seu dia a dia, não sabem dos seus problemas, dos seus sentimentos. Aliás, nem sabe o que são sentimentos. Por mais difícil que seja, não se abale por isso. Porque quem tem uma vida feliz, não perde tempo criticando a vida dos outros.
Como a Lizzie diz, faça isso te fortalecer. Use isso como um desafio e vá cada vez mais longe, seja mais vez mais feliz, tenha cada vez mais sucesso, cresça cada vez mais. Sabe aquela coisa da felicidade alheia incomoda? Pois então. Além de você deixar a pessoa com mais raiva ainda por você não ter dado bola e estar cada dia melhor, você ainda usou essa maldade para se fortalecer. Dê ouvidos a pessoas que são próximas de você e se importam com seus sentimentos de verdade, os outros, são só os outros.
Priscila Paes